por Luiz Gustavo Pacete
Definitivamente 2012 não foi um bom ano para a aviação brasileira. Por mais paradoxal que pareça, os meses em que os brasileiros mais voaram, são os mesmos que as companhias querem esquecer. Dados da Bain & Company apontam 107 milhões de passageiros aéreos em 2012 no Brasil, três vezes o número de 2003.
Mesmo com demanda em alta, os principais motivos da crise no setor são o aumento no preço do combustível e custos aeroportuários, além da valorização do dólar.
O resultado foi o fim da Webjet, as demissões protagonizadas pela Gol e o prejuízo das principais empresas aéreas nacionais.
Para a Avianca, apesar das dificuldades, o ano é para ser comemorado. A empresa está fechando seu balanço com 3360 funcionários e uma frota de 34 aeronaves. Passou a atender a última cidade que faltava do nordeste, Maceió.
E completou a marca de 22 destinos. Até a próxima semana a empresa terá transportado 5,2 milhões de passageiros, 2,3 milhões a mais que 2011. Aumentou o faturamento de R$800 milhões no ano passado para R$1,4 bilhão neste ano.
“Mesmo com um cenário desfavorável, continuamos com a maior taxa de ocupação que chega a 80% de assentos. Isso faz com que mantenhamos o nível de crescimento de oferta em até 40% para 2013”, diz José Efromovich, CEO da Avianca.
Efromovich, filho de refugiados judaicos, nascido na cidade boliviana de La Paz, chegou a São Paulo no ano de 1964. Em 1998, em parceria com o irmão German Efromovich, transformou dois jatos – recebidos como pagamento de uma dívida – na Ocean Air Taxi Aéreo que passou a ser chamada de Avianca Brasil ao incorporar, em 2010, o nome da segunda companhia aérea mais antiga em operação no mundo, a Avianca Colômbia.
Apesar da comemoração, o ano poderia ter sido ainda melhor caso o governo português tivesse aceitado a proposta feita pela empresa para a compra da TAP. O Grupo Sinergy, que opera a Avianca, era o único candidato à privatização da empresa portuguesa. Mas segundo a Reuters, falhou na entrega de garantias bancárias.
A proposta feita foi de R$ 4 bilhões e se concretizada transformaria a Avianca em líder de voos do Brasil para a Europa. “A TAP é a empresa europeia que mais voa para o Brasil e sem dúvida seria um ótimo negócio para passageiros europeus e brasileiros”, diz o empresário.
Efromovich prevê para 2013 a conclusão da troca de modelos Fokker por cinco aeronaves Airbus e a manutenção do atendimento diferenciado da companhia. “Na nossa indústria olhar custo e eficiência é um exercício constante. Esperamos que a situação se estabilize para que continuemos a oferecer nosso padrão de serviço. Não existe nenhuma intenção em mudar as características de bom atendimento e serviço qualificado, o que o mercado brasileiro perdeu há algum tempo”.
A parceria existente entre a Avianca Brasil e a colombiana potencializa a estrutura da empresa para atender passageiros brasileiros. “Foi muito importante para a Ocean Air poder contar com a marca de uma companhia com mais de 93 anos de existência, a mais antiga das Américas”.
Em 2004, os irmãos Emofrovich adquiriram a Avianca Colômbia que estava em recuperação judicial nos Estados Unidos. “Naquela ocasião, o cenário era de greves constantes e uma administração problemática. As condições
não permitiam que a empresa voasse por mais 60 dias. Realizamos um diálogo com os sindicatos, fechamos um acordo e, a partir de 2005, a empresa começou a ganhar dinheiro”, explica o empresário.
O negócio cresceu e, em 2010, a Avianca fez uma fusão com a Taca, que permitiu à empresa chegar a 150 aeronaves. Hoje, a companhia voa para mais de cem destinos em todo o continente americano e Europa. “A decisão da reestruturação foi tomada em 2008. Porém, ela não poderia ser imediata, já que, a operação da Ocean Air não
era satisfatória. Foram dois anos para arrumar a casa. Quando o mercado já aceitava a companhia como uma empresa querida, começamos a amadurecer a ideia de incorporar a marca”.
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